domingo, 29 de janeiro de 2017

'Não dependo de ninguém', diz mulher que vende artesanato em praias da PB

Independência e amor. Essas são duas palavras básicas quando Camila Alves, de 26 anos, decide falar sobre o trabalho. “Eu amo o que eu faço, não dependo de ninguém”, confessa. Há quatro anos ela aprendeu a fazer acessórios femininos com as próprias mãos. Inicialmente, só para a família. Agora, para o mundo todo. Vende tiaras, turbantes, coroa de flores, sandálias personalizadas e brincos, na orla de João Pessoa e na internet.

As peças de Camila já conheceram São Paulo, Rio de Janeiro e a Argentina. Casada e com três filhos, ela nunca trabalhou com outra coisa, sempre foi apaixonada pelo artesanato. A renda não sustenta a família, mas ela garante que ganha, por mês, mais que um salário mínimo. Em dias de festas na cidade, como a Festa da Padroeira, Camila consegue faturar, pelo menos, R$ 500 por noite.
O trabalho ela faz para ter a própria renda, mas sem dependência. Trabalha na orla de João Pessoa e em casa, fazendo produtos por encomenda. Camila aprendeu o passo a passo na internet e foi aperfeiçoando as técnicas, sempre ligada com a tendência que a moda pede no momento.
Parte do dinheiro que recebe ela reverte em materiais para vender mais acessórios, como cola, tesoura, flores e brilhos. O restante, investe em si mesmo e nos filhos. No verão, as vendas crescem consideravelmente, mas não é o que pensa o amigo de trabalho que, durante a conversa, passa por Camila e dispara: “Os turistas já apareceram hoje?” Ela responde: “Tá fraco hoje, visse? Meu movimento é mais de noite”. Ele responde e sai: “Não tem turista mais não”.
Rotina e talento
Ela organiza o banco da praia com destreza. Em um isopor, fixa as tiaras que prometem fazer sucesso no carnaval de 2017. “Eu amo fazer esse trabalho, me sinto satisfeita e realizada”, confessa.



Chega na orla às 15h, organiza tudo e só vai embora às 23h. O transporte é o ônibus. Coloca dentro de um carrinho de feira todos os produtos e volta sozinha, sem temer a insegurança. “Trago tudo em um carrinho de feira, na mão. Eu gosto mesmo, não é porque eu preciso”, diz. O sonho agora é fazer um curso de artesanato para aperfeiçoar ainda mais as técnicas com os acessórios. Tinha o sonho de ser mãe, mas já realizou por três vezes.
Os preços são acessíveis e muita gente para porque se encanta com as tiaras. Com R$ 10 no bolso, já é possível levar qualquer um dos produtos expostos. Começou fazendo algumas tiaras de bebês que, para ela, é mais fácil, e depois foi moldando o seu talento, fez brincos e tiaras e hoje personaliza até sandálias. “Os turistas gostam porque lá onde eles moram quase não tem essas coisas”, declara.

Enquanto nenhum cliente para, interessado nos acessórios, Camila aproveita para fazer mais peças. Usa do tempo livre da noite também para produzir.  A mesa é o banco da praia, que fica colorido com todos os produtos expostos. Uma mistura de mar, verde e cores enfeitam as vendas de Camila.
“Quando eu estudava, sempre gostei de criar. Sempre gostei de desenhar, inventar. Esse é realmente o meu trabalho”, reflete. Aprendeu com 22 anos e hoje prefere esse trabalho do que qualquer outra coisa. A carteira assinada seria, para Camila, uma prisão. “Aqui a gente faz o nosso horário e não escuta aborrecimento de patrão, além de que eu tiro muito mais em dinheiro”, declara.
* Sob supervisão de Taiguara Rangel

G1

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