quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Grupo paraibano é um dos finalistas do FNT, no Ceará

GUARAMIRANGA (CE) - A Cia. do Rosário, de Campina Grande, ficou entre os três grupos com espetáculos indicados pelo júri popular do Festival Nordestino de Teatro (FNT) de Guaramiranga (No Ceará, a 110 quilômetros de Fortaleza). O Príncipe Feliz, dirigido por Chico Oliveira, foi uma das peças mais votadas pelo público. BR Trans (ver na foto acima), do Coletivo Artístico As Travestidas, do Ceará, foi o grande vencedor da Mostra Nordeste, principal segmento da programação do festival. Também esteve entre os selecionados pelo voto popular a comédia As Rimas de Catarina, da Cia. Rapsódia de Teatro, da Bahia.

Pratas da casa, As Travestidas representaram o Ceará na 21ª edição do FNT junto com os grupos Expressões Humanas (Orlando) e Coletivo Soul (Hamlet: Solo). Concebido pelo ator Silvero Pereira (que assina o texto e divide a direção com Jezebel De Carli), BR Trans foi resultante de um processo de pesquisa feito com travestis, transformistas e transexuais de Porto Alegre (RS). Na premiação, que rendeu ao grupo um cheque de R$ 5 mil, os integrantes dedicaram a conquista ao jovem João Donato, assassinado na semana passada em Goiás.

Na sexta-feira (12/09), o JORNAL DA PARAÍBA assistiu às apresentações da Cia. do Rosário e da Cia. Rapisódia de Teatro no Teatrinho Rachel de Queiroz, em dia da Mostra Nordeste dedicado especialmente ao teatro infantil. O Príncipe Feliz ofertou a adaptação do conto homônimo de Oscar Wilde (1854-1900) a um público de crianças e adultos que lotou o espaço e aplaudiu de pé a Cia. do Rosário.


A fábula trata do príncipe que é transformado em uma estátua e tenta ajudar o seu povo, doando as peças de ouro que compõem o seu monumento a uma andorinha, sua mensageira. A peça conta com o empenho das atrizes Emília France e Cris Leandro, narradoras da história, e Suellen Maria e Joana Marques, respectivamente o príncipe e a andorinha que vai ser o veículo do elogio e posterior crítica de Wilde à caridade e o seu efeito sobre a virtude humana.

Biombos com véus translúcidos marcam, de início, uma viagem no tempo para uma época em que o príncipe brincava nos jardins do reino. O artifício distancia a plateia da ação e dificulta a imersão do público, revelando-se mais um problema que uma solução, e a empatia só começa a vir quando estas 'outras cortinas' se abrem no palco. Os cenários e figurinos revelam beleza e cuidado, e a ação conduz à emotividade do texto, concluído com um trabalho de luz que se insinua ao longo de toda a ação e culmina com trilha dos Beatles.

As Rimas de Catarina, da Cia. Rapsódia de Teatro, também fez suarem os técnicos – e os atores. São apenas dois em cena: Bira Freitas e Jorge Baía, que se multiplicam em quatro personagens na dramaturgia baseada na farsa medieval A Torta e o Pastelão. São muitas as trocas transições de palco e as trocas de figurino.

O grupo recorre bastante à sonoplastia e à luz (por vezes com a gravação das vozes dos personagens e a exibição da sua silhueta) a fim de dar tempo aos atores, nos bastidores, mas o que se destaca mesmo é o talento daqueles diante do público. A dupla tem forte apego com a linguagem do teatro de bonecos e do clown, e os números com interação da plateia estão bem fundamentados, ainda que alguns sejam longos.

24horasPB

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